As vantagens de viver na Alemanha – depois de 12 anos

A vida no exterior é cheia de desafios e aprendizados, e depois de 12 anos vivendo na Alemanha consigo usufruir de todas as vantagens que morar num país como esse proporciona. Por outro lado, a distância e as diferenças culturais trazem consigo desvantagens que também precisam ser ditas.

Antes de qualquer comentário do tipo: “Ah, mas eu vivo/vivi aí e não é assim”, vale dizer que essa é uma lista baseada em uma experiência pessoal. A minha experiência depois de mais de 10 anos vivendo, estudando e trabalhando na Alemanha. Portanto, a sua experiência pode ser diferente, o que não invalida a minha. Combinado?

SEGURANçA

É um clichê mas não tem como não começar por isso. Eu vivia em São Paulo, nasci e cresci na periferia da cidade e infelizmente a violência era parte do cotidiano. No passar dos anos, vi amigos e conhecidos morrerem ou serem presos. Chegar tarde em casa era pedir pra ser assaltado. A violência urbana era tão disseminada que muita gente tratava isso como o normal.

Isso não quer dizer que não exista violência na Alemanha. Há roubos, assassinatos, tráfico de drogas, mas tudo isso em uma escala MUITO menor que no Brasil. Vivo em Berlim, a maior cidade da Alemanha e mesmo aqui é possível viver um dia-a-dia tranquilo, não importa onde você more e quão tarde precise chegar em casa. E essa segurança (não só a sensação, mas a segurança de fato) muda tudo.

QUALIDADE DE VIDA

Também ligada a segurança, mas inclui alguns outros fatores. No Brasil cresci vendo e experienciando que qualidade de vida é pra quem pode pagar por isso. Morar num condomínio fechado, viver em um bairro nobre, ter um carro blindado. Ter acesso a esporte, cultura e educação de qualidade.

Na Alemanha aprendi que isso não é qualidade de vida. Se você mora no Brasil em um condomínio fechado e pode pagar uma boa escola para seus filhos, você não tem qualidade de vida. Você vive numa bolha. Qualidade de vida engloba uma comunidade, e é esse modelo que vigora na Alemanha. Independente da renda, a saúde, a educação, a cultura, a moradia digna e bens materiais são acessíveis a todos.

AS COISAS FUNCIONAM

Sim, aqui na Alemanha pagamos muitos impostos, mas vemos isso revertido em serviços públicos. O governo alemão está a serviço da população (isso está escrito na Constituição) e diferente do Brasil, promessas de campanha não cumpridas, desvio de dinheiro público, entre outros, pegam muito mal para políticos e partidos (vão presos inclusive).

Assim vemos o governo trabalhando e oferecendo à população educação, saúde, transporte, infraestrutura de qualidade, pois há uma cobrança e controle muito grande para que isso seja feito da forma correta. A Alemanha tem sim seus defeitos, mas aqui eu pago meus impostos sem reclamar, pois sei que eles serão revertidos para mim e para outros da forma devida.

PODER DE COMPRA

Acho que poucas frases resumem melhor o poder de compra que se tem na Alemanha do que essa:

“No Brasil você é o que você tem. Na Alemanha, você é o que você é, porque todo mundo tem.”

Enquanto no Brasil eu só pude ter o que queria comprar quando comecei a ganhar relativamente bem, na Alemanha todo mundo que trabalha tem acesso a bens de consumo. Eu disse todo mundo. Sim, quem é garçom num café pode comprar um iPhone, quem é atendente de loja pode passar as férias em Ibiza, quem trabalha num escritório pode comprar carro zero.

Eu estou falando em comprar e poder pagar por isso, e não financiar em 60 meses como muitos fazem no Brasil. O poder de compra na Alemanha é muito maior do que no Brasil. Só para você ter uma idéia, para comprar um iPhone 13 Pro Max no Brasil quem ganha salário mínimo precisa trabalhar mais de 7 meses. Na Alemanha, o mesmo aparelho pode ser comprado por quem ganha salário mínimo com pouco mais de 2 semanas de trabalho.

INDIVIDUALIDADE

Uma coisa que pouco se discute e acho importantíssima é o respeito à individualidade que se tem na Alemanha. O sentimento que tenho aqui é de que as pessoas são adultas e respeitam você do jeito que você é, e talvez o mais importante: sabem ouvir não.

Como já mostrei nesse texto, os alemães não falam “não” por falta de respeito, mas sim porque conhecem suas prioridades e interesses. Se você fala sim pra tudo, acaba deixando de lado as suas prioridades e planos para atender às necessidades dos outros. Ou seja, alguém vai decidir o que é prioridade pra você, e isso os alemães não querem.

Respeitar o que as pessoas dizem e querem (ou não querem) faz muita diferença na sua vida e convívio com amigos, família e colegas de trabalho. Ninguém se sente pressionado a fazer o que não quer, ser o que não é. Você é você e faz o que quer, desde que respeite os outros. E todo mundo está bem com isso.

2 comentários Adicione o seu

  1. Rogerio Miranda disse:

    Concordo com tudo. Muito bom seus comentários. Parabens.

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  2. Obrigado Rogerio. Espero que também goste dos outros textos.

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