A história do Muro de Berlim é uma das mais importantes e dramáticas do século XX, e ela está diretamente ligada à divisão da Alemanha e à Guerra Fria.

O Contexto Pós-Guerra

Após a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial em 1945, o país e sua capital, Berlim, foram divididos em quatro setores de ocupação, controlados pelos aliados vitoriosos: Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética.

A divisão da Alemanha em duas nações separadas ocorreu em 1949: a República Federal da Alemanha (RFA), conhecida como Alemanha Ocidental, e a República Democrática Alemã (RDA), a Alemanha Oriental. Berlim, embora totalmente dentro do território da RDA, também foi dividida. A Berlim Ocidental se tornou uma “ilha” capitalista cercada pelo comunismo da Alemanha Oriental.

A Fuga para o Oeste

Nas décadas seguintes, a vida na Alemanha Oriental, sob o regime comunista, era economicamente mais difícil e politicamente restritiva do que no Ocidente. Isso levou a uma grande onda de emigração. Milhões de pessoas, incluindo muitos jovens profissionais e qualificados, fugiram da RDA para a RFA, principalmente através de Berlim, que era o único ponto de contato entre os dois lados.

Essa fuga representava um problema enorme para a Alemanha Oriental, pois enfraquecia sua economia e sua força de trabalho.

A Construção do Muro

Para estancar essa “fuga de cérebros” e evitar o colapso do seu estado, o governo da Alemanha Oriental, com o apoio da União Soviética, tomou uma decisão drástica.

Na noite de 13 de agosto de 1961, soldados e operários da RDA começaram a construir uma barreira de arame farpado e concreto ao redor de toda a Berlim Ocidental. Em pouco tempo, essa barreira improvisada se tornou uma fortificação complexa e impenetrável, com torres de vigia, patrulhas, trincheiras e, finalmente, um muro de concreto de cerca de 3,6 metros de altura.

O Muro dividiu famílias, amigos e vizinhos. Berlim, que era um centro pulsante e unificado, foi cortada ao meio, simbolizando a divisão do mundo entre o bloco capitalista e o comunista.

A queda do Muro

A existência do Muro foi um dos símbolos mais dolorosos da Guerra Fria. Ele permaneceu de pé por 28 anos. No final da década de 1980, protestos em massa na Alemanha Oriental e uma série de eventos políticos na União Soviética enfraqueceram o regime comunista.

Em 9 de novembro de 1989, em uma conferência de imprensa, um oficial do governo da RDA anunciou por engano que as restrições de viagem seriam suspensas “imediatamente”. A notícia se espalhou como um incêndio. Milhares de berlinenses orientais se dirigiram aos postos de controle e, diante da pressão da multidão, os guardas abriram os portões.

A alegria foi contagiante. Pessoas de ambos os lados se abraçaram e muitos começaram a demolir o Muro com martelos e picaretas. A queda do Muro de Berlim marcou o fim da Guerra Fria e foi um prelúdio para a reunificação da Alemanha, que ocorreu menos de um ano depois, em 3 de outubro de 1990.

O Muro de Berlim não existe mais, mas partes dele foram preservadas como memoriais e galerias de arte, servindo como um lembrete de um dos períodos mais difíceis da história da cidade.